Uma bela pedra

Um café frio e sem açucar, vento gelado cortando o rosto,  aquela sensação de “já vi esse filme”, enfim, uma reflexão leve…

A essência do momento é algo tão importante que corre o risco de cair num senso comum filosófico de um carpe diem interpretado como convém. Será que é possível percebermos o quanto é real e paupável o fato de não existirmos no ontem nem no amanhã, mas explicitamente no hoje,  mais que isso, no agora?  A lembrança que nossa memória nos permite acessar, sobre o ontem, mas o acesso acontece no agora. Então nada supera a hierarquica posição do tempo. Exceto a relação. O espaço tempo existe e permite existência em sua intersecção. Mas a nós, de maineira soberana apenas fazemos existir algo no espaço tempo pela relação.

O desenho de uma pedra em uma tela branca é apenas contorno, e linhas sao conceitos humanos, a natureza não possui contornos, possui formas. Porém a medida que essa pedra é pintada ela deixa de ser contorno para ser pedra pintada na tela. Fato é que o que dá a ela a existência como pedra (pintada na tela) não é sua definição ou arriscaria ainda, sua auto definição como pedra. Mas a sua relação com o fundo (supostamente) branco da tela. A pedra pintada em uma tela branca estabelece uma relação da pedra com o fundo branco que concretiza a definição de sua existência.

Nesse espectro a genialidade de um quadro de Monet, Gioto, Botticelli… Está na hiper sobreposição de relações, que se estende do visual ao histórico filosófico. Pietà de Michelangelo estabelece uma relação íntima e quase que sobrenatural da beleza da expressão e a profundidade do sofrimento humano. Dificil dizer que a beleza não está na relação. A relação das coisas constrói a beleza, pois define, situa, cita e circunscreve cada coisa no seu respectivo espaço no tempo. A relação permite, de certa forma, a existência num plano temporal.

A existência em um plano temporal remete a uma submissão a este plano. A beleza sucumbe esta submissão a medida que relaciona, entre outras coisas, os diferentes sitios temporais com uma névoa, uma espécie de densidade emocional expressiva se concretiza quase que atemporalmente. E assim, ousaria citar um amigo de coração dizendo que, a beleza se estabelece como expressão visível do bem, portanto. Levando em conta o bem como o lado bom de ser humano. Aquilo que nos é próprio e, ainda que paradoxalmente, nos diviniza. O nosso encontro com o bem, enquanto condição metafísica da beleza, acontece no eixo do espaço tempo e torna existente aquilo que é no momento do agora.

Quando nos identificamos com algo, estabelecemos uma relação com aquilo e daí nasce a beleza. A beleza nos faz sentirmos amado, porque faz parte da natureza do homem necessitar do bem, com qualquer fantasia que ele use. Ou ainda, quando estabelecemos uma relação com algo, é que então que nos identificamos? Está claro que não sei a ordem dos acontecimentos, mas a coesão deles é tão sólida que parece um abraço indissolúvel. Você já abraçou alguém a ponto de acreditar serem indissolúveis?! Esse abraço traz uma sobreposição de relações que me faz desejar explorar cada relação de cada perspectiva, como se olhasse uma bela obra de arte da vida…

O sarcasmo da vida é quando pensamos na relação entre as pessoas… bem John Cage na sua música “4 minutos e 33 segundos , silent piece” se expressou melhor do que eu conseguiria quanto a essa perspectiva… shiiiiiiiiio…..

http://www.youtube.com/watch?v=gN2zcLBr_VM&feature=related

Sobre Juka

Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?
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4 respostas a Uma bela pedra

  1. Jefferson diz:

    é Juka, existem contos por trás de tudo que vemos, muitos fatos e crenças, é um reflexo do infinito, muitas vezes é sim um encontro com o bem, cada um consegue imaginar o seu próprio bem e isso faz da vida, interessante de se viver…

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